Sabe quando você lê um livro que se conecta tão fortemente com seus valores e sua forma de pensar que a vontade que você tem é de sair falando dele para todo mundo? “Making is Connecting” é um desses livros pra mim, e olha que ainda nem finalizei completamente a leitura! Ele foi escrito pelo pesquisador inglês David Gauntlett que expõe a importância do que ele chama de “everyday creativity”, uma criatividade que não está conectada a uma área específica como artes ou publicidade, mas que pode e deve ser explorada por todos nós. Para ele (e pra mim também!) criatividade não é o resultado final de um trabalho, é um processo. E ao ser compreendida como um processo, isso aproxima a criatividade de toda e qualquer pessoa, que para explorá-la só precisa se permitir abraçar a jornada desse processo.
“Everyday creativity can give us a sense of potency.”
Criar algo, gerar uma ideia, nos coloca como agentes de transformação do nosso próprio mundo. Já parou pra pensar no quanto isso é incrível? Saímos da postura passiva de meros consumidores, vítmas das circunstâncias, reféns de nosso contexto. Todos nós temos esse poder e essa potência, só é preciso se permitir explorar e usá-la.
“Everyday creativity” pode ser usada para resolver um problema matemático de um jeito diferente, para criar uma nova receita, para desenvolver um novo formato de liderança dentro da sua empresa, para criar um novo jeito de apresentar ou vender seus produtos, para criar um conteúdo diferente nas suas redes sociais (em vez de apenas replicar as fórmulas dos gurus).
Logo na abertura do livro, o David expõe três motivos porque na visão dele “Making is Connecting”. São motivos que podem ser interpretados de muitas formas diferentes, então vou expor aqui o texto exatamente como está no livro e na sequência a minha visão de como ele se conecta com o meu trabalho e a minha visão.
“Making is connecting because you have to connect things together (materials, ideas, or both) to make something new.”
Eu não poderia concordar mais. Acho impossível qualquer pessoa criar algo sem conectar “coisas” ao longo do processo criativo. Essas coisas a serem conectadas podem ser informações, dados, referências, exemplos, etc. Uma das coisas que mais me incomoda a esse respeito é ver estrategistas que levantam milhares de informações sobre o mercado e na hora de elaborar a estratégia de fato não usam nenhuma das informações que pesquisaram. Bom, se as informações não se conectam com a sua estratégia, então elas não são relevantes para o projeto, certo?
“Making is connecting because acts of creativity usually involve, at some point, a social dimension and connect us with other people.”
A conexão social que permeia um processo criativo não precisa necessariamente ser a presença de uma segunda pessoa tendo ideias junto com você. Essa conexão social pode estar implícita, como uma luz que guia o seu processo. Pense em um Chef que cria uma nova receita. Ele pode estar sozinho, mas a pessoa para a qual ele está desenvolvendo essa receita está presente em sua mente durante todo o processo. Existe um perfil de pessoa que ele deseja agradar com sua nova criação, pode ser alguém com um paladar mais refinado, ou que gosta de especiarias, ou ainda uma criança. Fisicamente a pessoa não está junto com o Chef, mas para a nova receita ser bem sucedida, essa conexão social tem que ser valorizada e levada em consideração durante todo o processo.
“Making is connecting because through making things and sharing them in the world, we increase our engagement and connection with our social and physical environments.”
Nessa última citação, o David tangibiliza o que, na minha visão, é a maior potência de qualquer empresa. A conexão entre os produtos e serviços criados por ela e seus consumidores. Através dessa conexão uma empresa é capaz não apenas de realizar uma venda e resolver um problema ou necessidade do consumidor, mas de alterar o mundo e o contexto desse consumidor. O que consumimos é um reflexo de quem somos. Mas através do que consumimos também podemos ser agentes de mudança.
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